Especial Esportes! De intercambista a correspondente internacional

Elaine Wzorek

12 anos atrás

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Qual jornalista não sonha em ser correspondente internacional e ainda participar da cobertura de um evento esportivo mundial como os Jogos Olímpicos? O jovem repórter Thiago Crespo realizou este sonho. Quem acompanhou as Olimpíadas pelo canal SporTV conheceu o cenário esportivo do Marrocos e da África do Sul através de suas reportagens.

Mas por que o E-Dublin está falando dele? Porque como todos nós, ele também foi intercambista na Irlanda, onde morou por dois anos e como muitos de nós, caiu de amores pela Ilha Esmeralda.

Em 2011, Thiago passou a fazer parte de um programa do canal esportivo da Globo, chamado Passaporte SporTV, no qual 11 jovens jornalistas foram espalhados pelo mundo para cobrir esportes. As reportagens mostram as curiosidades de cada lugar e como o país em questão se relaciona com grandes eventos esportivos, como Olimpíadas e Copa do Mundo.

Diferente dos correspondentes “tradicionais”, os integrantes do Passaporte SporTV não tem equipe. Com um kit completo em mãos, que inclui câmera, computador, microfone, cabos e todos os assessórios necessários para uma reportagem de televisão, eles vão à rua sozinhos!

Aliás, recentemente o Thiago esteve em Dublin, mostrando a animação da torcida corintiana! Veja a reportagem e as impressões do jornalista.

Nessa entrevista ao E-Dublin, Thiago explica como é o trabalho no SporTV e como o intercâmbio ajudou a enfrentar mais este desafio.

E-Dublin: Como foi a seleção para o Passaporte? A última edição do programa teve cerca de três mil jornalistas inscritos e menos de 15 classificados. Como é ser selecionado entre um número tão grande de profissionais?

Thiago Crespo: A seleção é rigorosa. São cinco ou seis fases em que somos testados de todas as formas: conhecimentos gerais, esporte (claro), redação, dinâmica de grupo, idiomas, prova prática, entrevista individual e etc. Quando você recebe a ligação para dizer que foi aprovado, a sensação de “dever cumprido” dura uns bons dois minutos — e logo depois você pensa: “Eu ainda não conquistei nada. O desafio vai começar agora”. Parece clichê, né? Mas é verdade. A sensação de responsabilidade é muito grande, independentemente do número de inscritos. Você tem de fazer jus ao fato de estar ali, de ter sido escolhido. É um privilégio fazer parte do grupo… Um privilégio que você conquistou.

E-Dublin: Como é sua rotina de trabalho? Você é responsável pelas pautas, pela produção e pelas reportagens? Não tem repórter cinematográfico? 

Thiago Crespo: A essência do Passaporte é exatamente essa: você é responsável por todo o processo de feitura da reportagem (produção, filmagem, edição, tudo). É engraçado, as pessoas te veem na rua com a câmera e o microfone ao mesmo tempo e acham que você é louco. “Mas você faz tudo sozinho? Você tá gravando a si próprio?”. Sobre a questão das pautas, foi outro desafio bacana que o Marrocos nos trouxe: as pessoas de fora sabem muito pouco sobre o país, o imaginário popular que circunda os marroquinos é muito raso. Nossa proposta, então, antes de mais nada, era mostrar ao telespectador um viés diferente, curioso, traços de uma cultura muito distante da nossa. Sempre mantando o olhar estrangeiro. Exemplo: ao invés de tomar cerveja enquanto assistem aos jogos de futebol, eles bebem chá de menta. Para eles é absolutamente normal, claro, mas para quem nos assiste, no Brasil, a novidade repercutiu bastante. Outra coisa: você sabia que há montanhas nevadas por lá? Estações de esqui? Pensar no Marrocos nos leva automaticamente à ideia de deserto, mas acredite: é um lugar de extremos.

Nos casos de Marrocos e Rússia, por serem locais mais complexos, viajamos em dupla (algo que a primeira edição do projeto não teve). Ambos, no entanto, têm o mesmo papel – e sempre dividimos tarefas, nos revezamos. Ora atuo como repórter no vídeo, ora como repórter cinematográfico. Tanto eu quanto o Pedro Mota, meu colega “marroquino”, tivemos oportunidade de trabalhar sozinhos também. Na final da Eurocopa 2012, por exemplo, ele foi para a Itália e eu para a Espanha — além de outras viagens que fizemos ao lado apenas do kit correspondente (nosso melhor amigo, risos).

E-Dublin: Você foi para a Marrocos e agora está em Joanesburgo. Como são definidas as cidades/países onde ficam os jornalistas do programa e qual a ligação desses lugares com as Olímpiadas e com o material que você vai produzir?

Thiago Crespo: Quem define os destinos do Passaporte é a direção do canal (junto da Editoria Internacional, que lida conosco diretamente). Não tenho detalhes desse processo de escolha, mas há uma lógica bastante clara: diversificar a equipe ao redor de todos os continentes (temos repórteres na Austrália, Alemanha, Jamaica, Rússia, Espanha e Marrocos – agora África do Sul… além dos correspondentes fixos em Londres, Nova Iorque e Pequim). Uns deles porque são potências esportivas, outros porque são absolutamente desconhecidos do grande público. Cada qual com a sua particularidade.  O Marrocos, por exemplo, foi uma base estratégica: estávamos perto da Europa, vivíamos ao redor dos hábitos muçulmanos, tratava-se de um país sem tradição olímpica e ao mesmo tempo apaixonado por esportes.

E-Dublin: Você morou em Dublin de 2008 a 2010, foram dois anos, certo? É mais tempo do que a maioria dos intercambistas. Você veio pelo inglês? Por que ficou dois anos aqui? Trabalhou em subempregos ou conseguiu trabalhar na sua área?

Thiago Crespo: A princípio, seria apenas um ano de intercâmbio. Em poucos meses percebi a infinidade de coisas que eu poderia conhecer e aprender, resolvi ficar mais tempo e acabei dobrando o período. Tenho o hábito de dizer que o “pretexto” foi estudar inglês – mas, na balança de toda a experiência, acho que no final isso é bem menos importante que muita coisa. Fiz de tudo: trabalhei em pub irlandês (à noite eu era garçom, na manhã seguinte eu separava o lixo); trabalhei também num supermercado… comecei como cleaner, depois pulei para o caixa, para a lanchonete, frutas e verduras, departamento de bebidas alcoólicas (off-licence) e terminei responsável pelo departamento de laticínios. Em todos eles aprendi muito e todos eles foram muito dignos… das melhores coisas que fiz na vida. Por isso não gosto nem de classificar como “subemprego”… meio pejorativo, né?

E-Dublin: Qual a sua relação hoje com Dublin? Você acha que o intercâmbio ajudou a conquistar a vaga no Sport TV? De que forma?

Thiago Crespo: Tudo o que vivi em Dublin está muito impresso em mim — e isso não vai mudar. Tenho saudades da cidade (de Howth, principalmente, e dos músicos na Grafton St.); saudades dos amigos, dos pubs, às vezes até do frio. De alguma forma muito intensa, Dublin sempre vai ser minha casa.

O intercâmbio me ajudou muito, com certeza. Não apenas no SporTV, mas em qualquer conquista que tive ou que venha a ter dali em diante.

E-Dublin: Qual seu conselho para brasileiros que estão pensando em fazer um intercâmbio para aprender inglês? 

Thiago Crespo: Deixem de pensar nisso e viajem logo. Amanhã, se der!

Fotos: Arquivo pessoal e reprodução SportTV

 

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Elaine Wzorek, Co-fundadora do portal Reinventa Jornalista, brasileira, formada pela Universidade Tuiuti do Paraná, ex-repórter do edublinTV. Deixou o Brasil para aperfeiçoar o inglês e realizar mais um sonho: conhecer a Europa. O intercâmbio, em Dublin, deveria durar 6 meses, mas se estendeu por dois anos e mudou sua forma de ver a vida e a profissão.

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