Irlanda do Norte: conheça a história e conflitos do país e saiba o que visitar

Irlanda do Norte: conheça a história e conflitos do país e saiba o que visitar

Rubinho Vitti

2 anos atrás

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Apesar de estarem na mesma ilha, a Irlanda do Norte é um país separado da República da Irlanda. A separação ocorreu em 1921, quando os dois territórios foram oficialmente divididos. Como o próprio nome diz, o território fica no norte e faz parte do Reino Unido.

Em termos territoriais, a República tem 84.421 km² de extensão, 4,904 milhões habitantes e vive em uma democracia parlamentar, com primeiro-ministro e presidente.

A Irlanda do Norte, por outro lado, tem 14.130 km² de extensão e 1,8 milhão de habitantes. O país é governado por um sistema parlamentar e uma monarquia constitucional, tendo como chefe de Estado a rainha Elizabeth II.

A Irlanda do Norte é formada por seis condados: Antrim, Armagh, Down, Fermanagh, Derry e Tyrone. A capital Belfast é a maior cidade, localizada em entre Antrim e Down, e com 280 mil habitantes.

As maiores diferenças entre as duas Irlandas são o sotaque e a moeda, já que, como parte do Reino Unido, a nação insular utiliza libras esterlinas e não euros, como é o caso da República.

Vale lembrar que, após o Brexit, a Irlanda do Norte não faz mais parte da União Europeia, o que torna a ilha a única ligação terrestre entre Reino Unido e um país do bloco europeu.

Conhecida por belas paisagens e sua rica cultura, a irmã nortista da Irlanda tem muitos pontos turísticos paradisíacos. Não à toa, foi escolhida para ser cenário de filmes e séries de vários tipos. Ela também foi palco de momentos importantes da história da ilha e da Europa.

Então, que tal conhecer mais sobre a Irlanda do Norte?

Leia também: O que fazer na Irlanda: melhores cidades, roteiros e locais para visitar

Conflitos entre Irlanda e Irlanda do Norte

Belfast, capital da Irlanda do Norte, está localizada a pouco mais de 2 horas de Dublin. Foto: Benkrut | Dreamstime

Quando se fala das duas Irlandas, a primeira coisa que vem à cabeça são os conflitos entre elas. O principal motivo de tanta briga eram as questões religiosas. A República, de maioria católica, e o Norte, de maioria protestante, não se “bicavam” e se tornaram grandes opositores.

A rivalidade fez com que a República se tornasse cada vez mais independente, enquanto a Irlanda do Norte permanecia sob o domínio britânico.

Resumidamente, a Grande Fome, que atingiu a Irlanda em 1845, foi um combustível para que os irlandeses ficassem ainda mais incomodados com o domínio britânico.

Em 1921, o Estado passou a ser independente, mas ainda ligado à Inglaterra. Foi apenas em 1937 que a independência total da República aconteceu, separando de vez Irlanda e Irlanda do Norte, que permaneceu como parte britânica da ilha.

Separatistas versus unionistas

Conflitos entre Irlanda e Irlanda do Norte acontecem por brigas entre cidadãos que querem unir a ilha e aqueles que querem manter o lado norte separado. Foto: Pxhere

Os conflitos continuaram mesmo com as Irlandas separadas. Isso porque grupos começaram a se confrontar logo que Irlanda e Irlanda do Norte formaram seus próprios governos.

Desde essa época, os irlandeses se separaram em sindicalistas ou legalistas — defensores da permanência da Irlanda do Norte no Reino Unido — e os nacionalistas (ou republicanos), que defendem a ideia de união entre Irlanda do Norte e República da Irlanda.

Claro, a religião também está inclusa nesse embate, já que o primeiro grupo é de maioria protestante e o segundo é formado por maioria católica.

Grupos armados surgiram, como o IRA — Exército Republicano Irlandês, entre os nacionalistas, e a Ulster Defense Association (UDA) e a Ulster Volunteer Force (UVF), entre os legalistas.

Ambos os lados foram responsáveis ​​por muitos assassinatos nos dois territórios. A violência se tornou parte da vida dos irlandeses entre 1960 e 1990, algo que foi superado apenas em 1998, quando foi assinado o Acordo da Sexta-Feira Santa.

Quem vive na Irlanda do Norte é irlandês ou britânico?

Quem nasce na Irlanda do Norte pode ser chamado de irlandês ou britânico, segundo Acordo da Sexta-Feira Santa. Foto: Pxhere

Quem viaja para a Irlanda do Norte pode ter uma dúvida que fica na ponta da língua na hora de falar com um nativo. Afinal, ele é Irish ou British? Como vocês sabem, a Irlanda do Norte faz parte do Reino Unido, mas, apesar disso, segue como “uma” Irlanda. Então qual seria a maneira mais correta de chamar um morador da vizinha do norte?

A resposta dessa pergunta é: tanto faz. O chamado “Acordo da Sexta-feira Santa” — um acordo de paz entre os governos britânico e irlandês — deixa definido que as pessoas nascidas na Irlanda do Norte podem ser consideradas irlandesas, britânicas ou as duas coisas, conforme bem entenderem.

O texto da lei diz no capítulo 1º — das “Questões Constitucionais”: “reconhece o direito de nascença de todo o povo da Irlanda do Norte de se identificar e de ser aceito como irlandês ou britânico, ou ambos, como assim o desejarem, e, portanto, confirmando que seu direito de cidadania britânica e irlandesa é aceito pelos dois governos e não será afetado por nenhuma mudança futura no status da Irlanda do Norte”.

Uma pesquisa, porém, mostrou que os britânicos da Inglaterra, País de Gales, etc. não se importam muito com a Irlanda do Norte ser parte ou não do Reino Unido.

Leia também: Brexit poderia unir Irlanda e Irlanda do Norte?

Recentemente, o tribunal de Belfast tomou uma decisão polêmica ao dizer que todos os nascidos na Irlanda do Norte são de fato britânicos, e não irlandeses, a menos que renunciem à cidadania britânica.

A decisão ocorreu durante o caso de Emma DeSouza, do condado Derry. Ela é casada com o norte-americano Jake DeSouza, que solicitou direitos de residência na Irlanda do Norte sob as regras de liberdade de circulação da UE, que permitem que cônjuges de cidadãos da UE de países terceiros vivam com seus maridos ou esposas em um estado membro da UE sem passar pela imigração nacional.

O Ministério do Interior rejeitou a solicitação, alegando que Emma DeSouza era uma cidadã britânica, e disse que a única maneira de lidar com o caso era ela “renunciar ao status de cidadã britânica”. O caso já dura quatro anos ainda sem resolução.

Leia também: União entre Irlandas é apoiada por 51% da população da Irlanda do Norte

O que fazer na Irlanda do Norte?

Belfast, capital da Irlanda do Norte, tem pontos históricos para visita. Foto: Kaeli Hearn/Unsplash

A Irlanda do Norte oferece alguns dos lugares mais lindos para se visitar na ilha da Irlanda. São paisagens paradisíacas de tirar o fôlego. Além disso, sua história de batalhas dá espaço para o turismo histórico, com museus, castelos e pontos importantes para entender conflitos, a dominação inglesa e a atual posição do país.

Vamos conhecer alguns locais para visitar na Irlanda do Norte?

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Belfast, a capital da Irlanda do Norte

Em um dia é possível conhecer Belfast, a capital da Irlanda do Norte. Ponto central da cidade, o Belfast City Hall é um marco, e é possível conhecê-lo por dentro. Dali, é fácil chegar até o Belfast Castle, um belo castelo construído no final do século 12

Lembra que falamos dos conflitos entre católicos e protestantes? Pois bem! Não tem como visitar Belfast e não dar uma olhada nos muros históricos que dividiam — e dividem — bairros das diferentes religiões.

Eles são exemplos vivos da história norte-irlandesa e hoje são usados para a arte, já que sua maior parte está grafitada com mensagens de paz e união!

Vale visitar o mercado de St. George, o lago de Strangford e o Jardim Botânico.

Titanic Museum

Museu do Titanic esta em Belfast, na Irlanda do Norte.© Andrea La Corte | Dreamstime.com

Museu do Titanic está localizado em Belfast, na Irlanda do Norte. Foto: Andrea La Corte | Dreamstime.com

Você sabia que o Titanic — aquele navio famoso por ser um dos maiores acidentes náuticos do mundo — foi construído em Belfast, na Irlanda do Norte? Mais especificamente, pela empresa Harland & Wolff Shipyard.

Para contar essa história, existe um museu — uma baita museu — na capital da Irlanda do Norte, o Titanic Museum. Seu design foi todo feito com 3.000 pedaços de alumínio. O formato inusitado e impossível de passar despercebido tem duas interpretações: lembra a proa do Titanic e, alternativamente, parece o iceberg que afundou o navio.

Dentro, o museu consiste em um passeio por nove galerias absolutamente interativas, que mostram a Belfast do início do século 20, quando o Titanic foi construído (1909 – 1911), até a redescoberta do navio no fundo do mar, que inspirou e deu origem ao filme Titanic, lançado em 1998.

Giant’s Causeway

Giant’s Causeway, a ‘calçada dos gigantes’, na Irlanda do Norte. Foto: Shutterstock

Se os Cliffs of Moher são o cartão postal mais importante da República da Irlanda, pode ter certeza de que o Giant’s Causeway — ou Calçada dos Gigantes — tem o mesmo peso para a Irlanda do Norte.

O lugar, Patrimônio Mundial da UNESCO, tem uma grande extensão de rochas perfeitamente “esculpidas” pela natureza, que mais parecem mesmo um calçadão. Elas são resultado da lava resfriada a partir de erupções vulcânicas ocorridas há 65 milhões de anos, pense!

Para visitar, é preciso pagar ingresso, que custa 13 libras para adultos.

Quem quiser pode aproveitar para visitar a Carrick-a-Rede, uma ponte pênsil localizada a sete milhas do Giant’s Causeway.

Leia também: Irlanda do Norte tem passeio paradisíaco à beira das falésias

Derry/Londonderry

A cidade é rodeada de muralhas. Os City Walls (muros da cidade) valem a pena a visita. É possível entender a história da Irlanda do Norte passeando por eles, assim como pelos memoriais. O Bloody Sunday Memorial relembra o domingo sangrento, de 30 de janeiro de 1972, aquele mesmo que a banda U2 cita em uma famosa música de mesmo nome.

Derry também tem alguns museus que são pontos turísticos, como o Workhouse Museum, o Museum of Free Derry e o Tower Museum. Também vale a pena visitar igrejas como a St. Columb’s Cathedral, a St. Eugene’s Cathedral e a St. Augustine’s Church.

Game of Thrones

Dark Hedge, na Irlanda do Norte, foi cenário para a série Game Of Thrones.

A Irlanda do Norte ficou famosa por ser uma das locações da série Game of Thrones. A casa de Lord Varys, por exemplo, ficava em Ballycastle.

Outros pontos como The Dark Hedges são bem conhecidos pelos fãs da série. Aliás, vários brasileiros já participaram como figurantes da série.

 

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Rubinho Vitti, Jornalista de Piracicaba, SP, vive em Dublin desde outubro de 2017. Foi editor e repórter nas áreas de cultura e entretenimento. Também é músico, canceriano e apaixonado por arte e cultura pop.

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