Quando o aprendizado do intercâmbio vai muito além do idioma

Quando o aprendizado do intercâmbio vai muito além do idioma

Colaborador E-Dublin

8 anos atrás

Quanto custa um intercâmbio?

Não vendemos pacotes e nem somos agência,
mas podemos te colocar em contato com elas.

O que seria o intercâmbio senão um aprendizado constante? Sol Resende, uma jovem de 35 anos, natural de São José dos Campos, SP, e pós-graduada em gestão de projetos, percebeu que o seu currículo e experiência teriam que esperar um pouco até que a fluência no inglês fosse uma realidade. Enquanto isso, foi saboreando outros aprendizados que o intercâmbio nos permite – e foram muitos.

10917125_10204718531537470_8958181772330816311_n

Foto: Arquivo Pessoal

Por Sol Resende
Colaboração: Fabiano de Araújo

Em um período de transição de carreira e desesperançosa com o Brasil, resolvi que iria estudar fora. E assim, cheguei a Irlanda.

Na lista de opções de países de língua inglesa que me permitiriam estudar e trabalhar, estavam Austrália, Nova Zelândia e, por fim, a Ilha Esmeralda. Depois de pesar os prós e contras de cada um deles e considerar, também, que eu não conhecia a Europa ainda, fiquei com a Irlanda.

Cheguei em setembro de 2014, com inglês básico. Após um semestre de aulas na Ilha, o meu progresso na língua estava muito aquém do que eu imaginava. O emprego, então, parecia algo impossível e a verdade é que um sentimento de incapacidade foi crescendo dentro de mim.

Para suprir a agonia, me lancei nas viagens: Itália, França, Inglaterra, Escócia, Marrocos e também nos arredores de Dublin. As viagens foram lindas, mas o meu dinheiro evaporou-se com a mesma rapidez dos primeiros seis meses no Velho continente – e, no meu caso, não tinha auxílio financeiro da família. Foi então que decidi encarar o “subemprego”.

10360347_10203866136268121_3627576737010668134_n

Foto: Arquivo pessoal

E foi aí que surgiu o primeiro grande aprendizado do intercâmbio, pelo menos para mim. Viver em outro país, trabalhando apenas 20 horas por semana, te ensinará duas coisas: como viver de forma simples e que você não precisa de tanto assim para viver.

Na minha rotina não havia nadinha de festas, restaurantes ou bebedeira, como muitos relatam por aí. E não era porque eu não queria, era porque a grana quase não sobrava. Por sorte e persistência, consegui trabalhar em grandes eventos em estádios de futebol, vendendo bebidas e cachorro quente, o que me garantia algum momento de diversão nessas ocasiões. Trabalhava muito, ganhava pouco (o salário mínimo irlandês), mas me divertia um pouco.

O segundo grande aprendizado surgiu justamente pela situação em que me encontrava na Irlanda. Foi aí que descobri a força e a fé imensa que existiam dentro de mim. Eu me dizia todos os dias que tudo isso iria valer muito a pena. Confesso que por diversas vezes pensei em desistir. Mas aí pensava que desistir me levaria de volta a uma vida acomodada, em um país que enfrenta mais uma crise econômica, estrutural, de valores e política – o que também não era nada animador. Tentar outro país sairia caro e a essa altura eu não possuía mais recursos financeiros para tal. Então o melhor era arriscar por aqui mesmo e renovar o visto de estudante acreditando que as coisas mudariam. E mudaram!

1604936_10203804673131581_6543658319241933454_n

Foto: Arquivo pessoal

Já com o inglês melhor, comecei a fazer mais amizades. A pessoa comunicativa que sou voltou a aflorar e consegui estender o meu networking. Cheguei a enviar mais de 2000 currículos. Consegui umas poucas entrevistas, todas sem sucesso, mas continuei tentando. Não perdia uma oportunidade de interagir. Mesmo durante o trabalho como cleaner, sempre dava um jeitinho de bater papo sobre minha experiência no Brasil.

Passados 15 meses da minha chegada à Irlanda, finalmente as portas se abriram. Depois de tanto contar sobre minhas qualificações profissionais, um empresário notou meu potencial e me concedeu a oportunidade de trabalhar meio período em sua empresa. Foi incrível! Minha primeira oportunidade concreta de mostrar quem eu realmente era. O trabalho se resumia a serviços administrativos, com carga horária fixa, registrada e agora com um salário mensal. Thanks, God!

10660226_10204718533897529_8047933291060826746_n

Foto: Arquivo pessoal

Foi nesse momento que o intercâmbio me apresentou o terceiro grande aprendizado – e talvez um dos mais importantes: a persistência. Seria fácil ter desistido, seria fácil ter cansado de bancar a intercambista, mas se eu tivesse desistido, jamais teria a oportunidade de mostrar o meu profissionalismo. O “subemprego” me ajudou a chegar até aqui, e foi também ele que me permitiu aumentar meu networking e falar com pessoas que, como aconteceu, puderam notar meu potencial.

Então, o conselho que deixo para você, que tem um perfil parecido ao meu, independente financeiramente e com inglês básico, é: não se intimide ou desista na primeira oportunidade. Venha com uma reserva extra para os primeiros meses de dificuldade, de preferência o suficiente para se manter aqui, sem trabalho, por um bom período, pois você nunca sabe se o emprego surgirá em dois meses ou depois de um ano.

10675510_10204004206799798_5372167066326859777_n

Foto: Arquivo pessoal

E sim, venha disposto a lavar privada, a ser aupair, a servir, a ser camareira… Na pior das hipóteses todas essas experiências te ensinarão muita coisa sobre você mesmo, sobre os seus limites, sobre o quer você deseja para a sua vida, e ainda te ajudará a agradecer por tudo o que você já tinha e talvez não valorizasse.

O intercâmbio, a Irlanda e essa experiência louca de viver no país dos outros, me serviu de um aprendizado incrível. Foi aqui que eu aprendi a cozinhar bem, a lavar roupas com eficiência, a usar transporte público de forma eficiente, a fazer compras bacando uma economista e a entender que nada é tão simples como a gente pensa.

Desapegue-se do seu currículo incrível do Brasil, se você chegar por aqui com o inglês básico. Concentre-se em melhorá-lo, em ter alguma experiência aqui no exterior, mas ao mesmo tempo não deixe de lembrar a você mesmo e aos outros que tudo isso é temporário, que haverá o dia em que você vai poder se comunicar melhor, estar mais seguro da língua e, consequentemente, mostrar quem você é e todo o seu potencial. Afinal, a língua é apenas um dos aprendizados do intercâmbio.

10941856_10204718525337315_2918525919078134504_n

Foto: Arquivo pessoal

Com 35 anos, divorciada e sem filhos, a vida aqui na Irlanda parece me acarinhar melhor. Ainda não estou exercendo as minhas maiores habilidades profissionais, mas agora as expectativas são grandes e o entusiasmo maior ainda.

Até o frio desse ano parece estar bem mais suportável que o inverno anterior ;)!

Ficou com vontade de fazer intercâmbio? Comece por aqui!

A série Meu Intercâmbio conta com a colaboração do repórter Fabiano de Araújo e tem o objetivo de dar oportunidade a estudantes que estão vivendo a experiência de intercâmbio na Irlanda, de contar suas histórias, alegrias e perrengues como intercambistas. Se você também quer compartilhar como tem sido a sua nova vida desse lado do globo, basta entrar em contato com: [email protected]

Revisado por Tarcísio Junior
Encontrou algum erro ou quer nos comunicar uma informação?
Envie uma mensagem para [email protected]

Quanto custa um intercâmbio?

Não vendemos pacotes e nem somos agência,
mas podemos te colocar em contato com elas.


Avatar photo
Colaborador E-Dublin, Este conteúdo - assim como as respectivas imagens, vídeos e áudios - é de responsabilidade do colaborador do edublin e está sujeito a alterações sem aviso prévio. Quer ver sua matéria no edublin ou ficou interessado em colaborar? Envie sua matéria por aqui!

Veja também

Melhores destinos de intercâmbio


Este artigo foi útil?

Você tem alguma sugestão para a gente?

Obrigado pelo feedback! 👋

O que ver em seguida

Cadastre-se em
nossa newsletter

Seu email foi cadastrado.

Cadastrar outro email