Você sabia? Irlandeses vieram ao Brasil na época da fome

Edu Giansante

8 anos atrás

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Houve um tempo em que uma colônia de irlandeses morou em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Estranho? Pode parecer, mas na época foi uma necessidade mais do que urgente.

O caso remete ao século 19, época em que a “Grande Fome” circulava a Irlanda. A colônia recebeu o nome de Dom Pedro II e tinha aproximadamente 300 pessoas que cruzaram o mar em pequenos veleiros.

Diz-se que estas pessoas vieram do Condado de Wexford, no sudoeste da Irlanda. Em sua maioria, agricultores.  No Brasil eles podiam plantar e construir suas próprias moradias. Para os brasileiros, eram apenas “ruivos que falavam uma língua que ninguém entende”, como conta o blog “Almanaque Gaúcho”.

De acordo com o diário de registro dos mantimentos fornecidos a estes colonos, a chegada dos irlandeses teria ocorrido em 7 de fevereiro e 7 de março de 1852, no porto de Rio Grande, embarcados pelo vice-cônsul João Francisco Froes.

As despesas com a viagem eram devidamente anotadas para serem devolvidas posteriormente. Informações do Livro de Atas da Associação Auxiliadora da Colonização em Pelotas mostram que até mesmo “um maço de taxinhas de ferro” fornecidas a Eduardo Wynn para pregar o forro no caixão no enterro de sua filha foram anotadas e cobradas. Todas as despesas eram divididas em notas promissórias que podiam chegar a cinco anos de pagamento.

Os lotes, com aproximadamente 100.000 braças quadradas (braça = 2,2m e braça quadrada = 30×30 braças) variavam o preço entre 600$000 e 700$000 reais, variando de acordo com seus benefíios (cursos d’agua, por exemplo).

Embora remunerados, existem evidências de que muitos colonos praticaram trabalho semelhante à servidão temporária, que ocorria na América do Norte. Ricardo Yates, de acordo com dados da Ufpel (Universidade Federal de Pelotas) teria trabalhado por mais de quatro meses para Diogo Bent, Guilherme Bent e David Walash, que também eram colonos, sem receber nenhum tipo de remuneração por isso.

A colônia acabou em pouco tempo. Em outubro de 1854,  menos de 30 famílias habitavam a região. As dificuldades econômicas eram diversas e boa parte dos imigrantes foi para outros países vizinhos, especialmente para as capitais Montevidéu e Buenos Aires, de acordo com registros do Museu da Biblioteca Pública Pelotense. Algumas pessoas foram também para cidades mais próximas, como Pelotas e Jaguarão.

Dom Pedro II foi a única colônia agrícola formada por irlandeses no Rio Grande do Sul e uma das três únicas existentes no Brasil. Hoje ainda é possível encontrar algumas marcas desta história em Pelotas, como descendentes dos pioneiros. Algumas famílias permaneceram no país: Sinott, Stafor, Monks, Brian, Ennis, Carpenter, entre outras. Atualmente, cerca de 80% do território é ocupado pela cidade de Capão do Leão.

Famílias

Confira alguns dos sobrenomes de irlandeses que moraram em Dom Pedro II e a relação com seu país de origem. (com informações do blog “Capão do Leão História e Cultura)

Staford: o nobre normando Robert de Toeni, guerreiro de Guilherme, o Conquistador, construiu um castelo em Stafford, no condado de Stafforshire, em 1086. Após passar a habitar o castelo, incorporou o Stafford como sobrenome.

Hogan: sobrenome irlandês, do gaélico “O’Hógáin”, do arcaico “og” que significa jovem. Aparece inicialmente no Condado de Tipperary (centro-sul da Irlanda), em 1281.

Yates: sobrenome inglês, de Gloucestershire, cujo significado é “porteiro”. Data do século XI.

Deverich: sobrenome com várias mudanças no decorrer dos séculos. Inicialmente, é uma das famílias nobres que acompanharam Guilherme, o Conquistador (1066), conhecida simplesmente como De Evreux (Evreux é um cidade francesa da Normandia). Há a contração para Devreux, posteriormente Deverel e, ainda no final da Idade Média, linhagens da família são anglicanizadas surgindo Deverick (norte da Inglaterra e Escócia) e Deverich (Irlanda). Com a Guerra dos Trinta Anos, no século XVII, surge outra linhagem que se estabelece na Croácia: Deverić.

Megrun: sobrenome de origem islandesa cujo significado é “magro”. Sem informações genealógicas além da própria Islândia.

Parle: forma irlandesa para o termo original “Barley” – cidade inglesa de Lancashire, que data de 1266. Entretanto, os Parle do Condado de Wexford, Irlanda, são originários da França e se estabeleceram antes do século XVII e, segundo consta, seriam três irmãos marinheiros que se estabeleceram em Carnsore Point.

Kerwin: sobrenome irlandês, do gaélico “O’Ciardhubhain”, junção das palavras arcarcar “ciar” (amigo) e dubh (preto). Originário do Condado de Galway, oeste da Irlanda.

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Edu Giansante, Fundador e CEO do edublin, Edu chegou na Irlanda em 2008, no ano pré-crise, pegou a nevasca de 2010 e comeu cérebro de cabra em Marrakesh. O Edu também é baterista da banda Irlandesa Medz.

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